quinta-feira, 7 de maio de 2015

Comum em fios e moedas, cobre pode ser nova arma contra a dengue


O cobre, amplamente utilizado na confecção de moedas e fios condutores, pode ser uma nova arma no combate à dengue.

Pesquisadores das Universidades Federais da Grande Dourados (UFGD) e do Matos Grosso do Sul (UFMS) estão testando o uso de compostos organometálicos com o material para impedir a proliferação do Aedes aegypti. Conhecidas como metalo-inseticidas, essas substâncias estão se provando eficazes no retardo do ciclo reprodutivo do mosquito, impedindo a eclosão de ovos e eliminando suas larvas.

— O cobre tem um impacto sobre as populações de Aedes aegypti. Estudos anteriores mostram que regiões de alta produção do metal têm baixa incidência do mosquito — diz Lincoln Oliveira, professor do departamento de Química da UFMS. — Dependendo da concentração, ele impede que os ovos se desenvolvam e mata as larvas pela destruição do sistema digestivo do inseto.

A pesquisa brasileira não é a primeira a considerar o metal para o combate ao vetor da dengue. Em 2011, cientistas da Universidade de Kobe, no Japão, publicaram estudo propondo o uso de fios de cobre e até moedas para reduzir os custos dos programas do governo da Indonésia no controle do Aedes aegypti. Testes de laboratório indicaram que a imersão de 533 gramas de fios de cobre em caixas d’água de 200 litros, comuns em banheiros naquele país, eram suficientes para mantê-las livres do mosquito.

Por aqui, os pesquisadores propõem uma abordagem diferente: em vez do uso do cobre puro, ele é misturado com ligantes orgânicos que também ajam sobre o mosquito, como derivados da castanha de caju.

— Nós potencializamos o poder do cobre sobre o Aedes aegypti — explica Eduardo José de Arruda, professor da UFGD e líder das pesquisas. — Nós reduzimos a concentração necessária para o combate ao mosquito para menos de um miligrama por litro.

Dessa forma, explica o pesquisador, os efeitos dos metalo-inseticidas sobre a saúde humana e o meio ambiente são praticamente nulos. O cobre é considerado elemento essencial para o homem, com recomendação de ingestão de aproximadamente 2 mg/dia, mas em excesso ele pode ser danoso. As plantas também absorvem a substância.

USO EM VASOS E PEDRAS

O próximo passo é descobrir uma forma de liberar o composto, de forma gradual e no longo prazo, em ambientes propícios para servirem de criadouro para o mosquito. Uma das opções em teste é a adição do metalo-inseticida na composição de artefatos cerâmicos, como vasos e pequenas pedras para serem espalhadas em jardins. A ideia é que a substância seja liberada aos poucos quando em contato com a água.

— O mosquito não tem origem urbana, mas ele se tornou “amigo” do homem. Praticamente todos os criadouros são residenciais, muitas vezes ligados à jardinagem — diz Arruda, para justificar a escolha do meio para a dispersão do cobre.

Essas peças já estão em fase de testes. Caso tenham a eficácia comprovada, vasos de planta e outros equipamentos de jardinagem que ajudem no combate à dengue poderão estar disponíveis já para a próxima temporada de chuvas.

Segundo Arruda, o metalo-inseticida em teste é considerado um produto verde, de baixo impacto, e já tem liberação do Ministério da Agricultura.

Esta semana, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, confirmou que o país vive uma epidemia de dengue. Até o dia 18 de abril, o número de casos confirmados ultrapassou os 745 mil, aumento de 234% em relação ao mesmo período no ano passado. A situação é mais grave nos estados do Acre, Tocantins, Rio Grande do Norte, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás.

* Folha do Sertão via  O globo

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