sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Mães fazem calendário sensual para pagar o transporte escolar

"Voaremos como anjinhos para ir em linha reta ao colégio." O texto acompanha a foto de uma mulher de asas e vestindo calcinha de renda --e apenas isso. Os peitos dela são cobertos por sua mão.
É a mãe de um dos alunos do colégio público Evaristo Calatayud de Montserrat, em Valência. Ela foi fotografada para um calendário sensual que arrecada fundos para, em meio à crise econômica na Espanha, substituir o poder público nessa pequena comunidade de 3.000 habitantes.
O governo suspendeu duas das quatro linhas que prestavam serviço nesse município. Com isso, 83 alunos de entre três e dez anos ficaram sem transporte para a escola.

Juan Carlos C·rdenas/Efe
Página de calendário de mães de Monserrat, na Espanha
Página de calendário de mães de Monserrat, na Espanha
A mudança se deve a novas diretrizes da autoridade educacional regional, que passou a restringir transporte gratuito a alunos que morem a uma distância superior a três quilômetros em linha reta em relação ao colégio.
Apesar de morar a distâncias menores do que três quilômetros, os estudantes agora sem ônibus têm de se deslocar por cerca de seis quilômetros por caminhos tortuosos e sem asfalto para chegar até a escola --a única da região. Por isso a referência à "linha reta" na foto angelical.
O custo mensal é de cerca de R$ 220 por aluno, inviável para a associação de pais.
Assim, mães se uniram para vender o calendário erótico. Será necessário vender cerca de 4.000 exemplares, a um custo unitário de R$ 13, para cobrir os custos, a não ser que consigam patrocínio. Um time local disponibilizou os autógrafos de seus jogadores para ajudar nas vendas.
As mães também venderam tíquetes de loteria de Natal para, juntando esforços, reunir o dinheiro necessário para manter o transporte durante o ano. Até agora, conseguem bancar três meses, começando em janeiro.
Antes de tomar as medidas que incluem o calendário sensual, os moradores da região haviam feito marchas e protestos periódicos diante da autoridade educacional.
"Se não há dinheiro para a educação, não deveria haver para nada", afirma Silvia Lucas, uma das mães indignadas, à mídia local espanhola.

Fonte: Folha de SP/Márcio Melo

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